A MiroBio, com sede no Reino Unido, é especializada no desenvolvimento de uma classe de anticorpos chamados agonistas de receptores inibitórios imunológicos para tratar doenças autoimunes. As moléculas “agonizam” as células imunológicas hiperativas, ligando-se aos seus receptores para acalmá-las.

Demanda de ofertas prolifera na indústria de biotecnologia
As aquisições de grandes empresas farmacêuticas ocorrem em meio a uma queda na indústria de biotecnologia
No dia 4 de agosto a Gilead Sciences divulgou que adquiriria a MiroBio por US$ 405 milhões, e a Amgen anunciou planos de adquirir a ChemoCentryx por US$ 3,7 bilhões. Em 8 de agosto a Pfizer informou que pagaria US$ 5,4 bilhões em dinheiro pela Global Blood Therapeutics; no dia seguinte, a CSL concluiu a compra da Vifor Pharma por US$ 11,7 bilhões, o maior negócio anunciado no setor no ano passado.
“Estamos visando receptores de células imunes muito específicos”, disse Eliot Charles, presidente da MiroBio. “A esperança é que isso se traduza em medicamentos mais seguros, porque não estamos apenas enfraquecendo todo o sistema imunológico, mas seguindo caminhos muito específicos.” O principal anticorpo investigacional da MiroBio está na Fase 1 de ensaios clínicos.
Duas das outras empresas adquiridas, ChemoCentryx e Global Blood Therapeutics, têm arsenais que incluem medicamentos aprovados de pequenas moléculas para tratar distúrbios inflamatórios e doença falciforme, respectivamente.
O avacopan da ChemoCentryx, comercializado como Tavneos, trata doenças autoimunes que envolvem inflamação em pequenos vasos sanguíneos. O voxelotor da Global Blood, vendido como Oxbryta, é uma droga covalente reversível que se liga à hemoglobina para aumentar sua afinidade pelo oxigênio. A Tavneos faturou US$ 5,4 milhões no primeiro trimestre de 2022, enquanto a Oxbryta arrecadou US$ 55,2 milhões.
A onda de compras é mais uma evidência de que uma crise de aquisições terminou no setor de biotecnologia, informou Daniel Chancellor, diretor de consultoria da Citeline, fornecedora de inteligência de negócios farmacêutica.
A crise foi parte de uma desaceleração mais ampla na biotecnologia. O investimento em capital de risco aumentou em 2020 e no início de 2021, mas os investidores começaram a temer a supervalorização e o setor entrou em queda. O lado positivo tem sido as avaliações mais baixas da empresa, que se traduzem em preços de aquisição mais baratos. A compra da Biohaven Pharmaceuticals pela Pfizer em maio foi a primeira de uma série de compras em todo o setor que marcou o fim do período de instabilidade.
“Estamos vendo essa correção do mercado”, disse Chancellor. “As avaliações caíram, o que pode tornar os negócios um pouco mais atraentes.”
Gigantes como a Pfizer lucraram bastante durante a pandemia, então estão bem-posicionados para conquistar alvos como a Global Blood Therapeutics. De acordo com Chancellor, a prioridade da Pfizer é impulsionar ganhos maciços de receita com sua vacina e pílula antiviral COVID-19. Embora não sejam isentas de riscos, as aquisições trazem novas vendas muito mais rapidamente do que o desenvolvimento de novos compostos do zero.