
A Expansão do Gás Fóssil e Seu Impacto na Transição Elétrica e Justiça Climática no Brasil
A expansão do uso do gás fóssil no Brasil ameaça a transição elétrica e a justiça climática, segundo um novo relatório divulgado nesta última semana. O documento intitulado “Regressão Energética” alerta que a contínua dependência de gás fóssil pode bloquear investimentos no setor elétrico por até 30 anos, além de aumentar os custos da energia. A recomendação é revisar urgentemente os planos de expansão do uso de gás.
Crescimento do Gás Fóssil e Suas Consequências
Apesar do crescimento significativo de fontes renováveis como solar e eólica, que representam quase 30% da matriz elétrica em 2024, o Brasil ainda investe fortemente no gás fóssil. O relatório, lançado pela Coalizão Energia Limpa em parceria com a Frente Parlamentar Mista Ambientalista, destaca que essa dependência compromete os esforços para uma matriz energética mais limpa e resiliente.
Durante o evento de lançamento na Câmara dos Deputados, vários especialistas e parlamentares discutiram os impactos dessa tendência. Célia Xakriabá, deputada federal, destacou que a exploração de petróleo na Amazônia afetará diretamente 130 comunidades indígenas, enquanto Suely Araújo, do Observatório do Clima, criticou a falta de propostas efetivas para a transição energética no Brasil.
Bloqueio de Investimentos e Aumento de Custos
A expansão do gás fóssil pode resultar em um bloqueio de investimentos no setor elétrico por 15 a 30 anos, conforme apontado no relatório. Além disso, os custos da energia consumida no país tendem a aumentar. Esse cenário é especialmente preocupante diante da crise climática e da intensificação de eventos extremos como secas, que tornam a geração de eletricidade mais vulnerável.
A fragilidade dos licenciamentos ambientais é outro fator crítico, pois facilita a expansão de empreendimentos de gás fóssil, resultando em graves consequências para o meio ambiente e comunidades locais.
A Transição Necessária
O relatório enfatiza que, para alcançar uma matriz 100% renovável, é necessário reverter a dependência de fontes de energia fóssil, especialmente o gás. “Precisamos rever a lógica colonialista nas relações internacionais e garantir uma transição energética justa que proteja quem é mais afetado”, afirmou o deputado Nilto Tatto.
O estudo também apresenta uma cronologia das políticas energéticas nacionais nos últimos 20 anos, destacando as ações de resistência da sociedade civil que conseguiram barrar diversos projetos fósseis.
O Uso de Gás e Seus Entraves
A publicação destaca que o uso do gás fóssil deixou de ser um complemento emergencial para garantir uma fatia significativa dos investimentos na infraestrutura elétrica brasileira. Programas de incentivo ao uso do gás comprometem as metas climáticas e impedem a expansão de fontes renováveis.
A privatização da Eletrobras e a instalação de térmicas a gás são exemplos de ações que resultarão em emissões significativas de gases de efeito estufa. Para os especialistas, investir em gás agora é economicamente inviável e compromete o futuro energético do país.
Conclusão
A transição energética justa no Brasil requer uma revisão urgente dos planos de expansão do uso de gás. O relatório “Regressão Energética” destaca a necessidade de promover a eficiência e a regulação efetiva do setor elétrico, alinhando-se com os objetivos climáticos e garantindo um futuro sustentável.