À MEDIDA QUE OS PREÇOS DOS AGROQUÍMICOS DISPARAM, O MESMO ACONTECE COM OS INVESTIMENTOS EM ALTERNATIVAS BIOLÓGICAS
As startups que desenvolvem insumos biológicos para plantações arrecadaram pouco mais de US$ 892 milhões em todo o mundo no ano passado, de acordo com dados preliminares da AgFunder.
Isso é bem mais do que o dobro do total de financiamento do ano anterior – indicando o quanto o interesse no espaço cresceu.
Observe que esta é uma revisão para cima dos números da AgFunder citados pela Reuters no início deste mês. ” Nossos dados são ajustados usando um modelo de como eles aparecerão 12 meses no futuro, com base em tendências históricas para levar em consideração os atrasos de relatórios previstos. Como tal, eles podem diferir das versões anteriores publicadas dos mesmos dados”, informou a empresa.
Abaixo, listamos os 15 principais negócios de financiamento de produtos biológicos de 2021, por valor arrecadado em dólares americanos. Incluímos todos os empreendimentos privados que trabalham em uma variedade de insumos biológicos para culturas, incluindo:
- biofertilizantes;
- biopesticidas;
- biofungicidas;
- bioestimulantes;
- outros controles biológicos
OS 15 PRINCIPAIS NEGÓCIOS DE INSUMOS BIOLÓGICOS, ANO FISCAL 2021:
- Pivot Bio (EUA) – US$ 430 milhões arrecadados (julho/estágio D)
- AgBiome (EUA) – US$ 116 milhões arrecadados (setembro/fase D)
- Nutrientes de plantas Anuvia (EUA) – US$ 103 milhões arrecadados (fevereiro/fase C)
- Invaio Sciences (EUA) – US$ 88,9 milhões (maio/fase C)
- Invaio Sciences (EUA) – US$ 50 milhões (outubro/dívida)
- Vestaron Corporation (EUA) – US$ 18,3 milhões (fevereiro/fase B)
- BioPhero (Dinamarca) – US$ 16,8 milhões (março/fase A)
- Gaiago (França) – US$ 15,4 milhões (julho/fase A)
- Groundwork BioAg (Israel) – US$ 11 milhões (maio/fase A)
- Micropep Technologies (França) – US$ 10,1 milhões (agosto/estágio A)
- Kula Bio (EUA) – US$ 10 milhões (maio/seed)
- Provivi (EUA) – US$ 10 milhões (Fevereiro/Estágio C)
- AgroSustain (Suíça) – US$ 5,19 milhões (julho/fase A)
- Lucent BioSciences (Canadá) – US$ 4,2 milhões (novembro/seed)
- BigSIS (Reino Unido) – US$ 2,05 milhões (outubro/seed)
Por geografia, das 15 principais ofertas:
- oito (53%) envolveram empresas sediadas nos EUA.
- A França está em segundo lugar com dois negócios (13%).
- Canadá, Dinamarca, Israel, Suíça e Reino Unido receberam um acordo cada.
De longe, o maior negócio na área de produtos biológicos no ano passado – e entre os 20 melhores em tecnologia agroalimentar em geral – foi a rodada Série D de US$ 430 milhões da Pivot Bio em julho, a qual foi coliderada por DCVC e Temasek .
A Pivot Bio é uma das várias startups que oferecem uma alternativa aos fertilizantes convencionais à base de nitrogênio, ‘programando’ micróbios no solo para que produzam mais do elemento in situ. Outra empresa na lista acima trabalhando em uma solução semelhante é a Kula Bio, que aproveita a bactéria armazenadora de nitrogênio Xanthobacter autotrophicus. Ela levantou US$ 10 milhões em financiamento inicial em maio (AgFunder é um investidor na Kula Bio).
A segunda colocada, AgBiome, está focada no controle de pragas e doenças: ela rastreia o mundo natural em busca de micróbios que possam ser adequados para tais propósitos – seus produtos iniciais são fungicidas – e obteve US$ 116 milhões em sua rodada da Série D de setembro.
Há dois fatores principais por trás dessa explosão de interesse dos investidores em insumos biológicos.
Por um lado, há a combinação de pressões ambientais, regulatórias e do consumidor que afastam a indústria agrícola do uso excessivo e da dependência de insumos químicos.
Os fertilizantes e pesticidas sintéticos à base de produtos químicos são normalmente pulverizados de forma imprecisa nos campos. Quantidades em excesso são lixiviadas para o ambiente circundante e podem oxidar, contribuindo para as emissões de gases de efeito estufa.
As alternativas biológicas, argumenta-se, são mais direcionadas em sua ação e têm menos impacto negativo em seu entorno.
O segundo grande impulsionador vem do mercado. Em parte pelas interrupções na cadeia de suprimentos devido ao Covid-19, os preços de vários produtos químicos estão subindo.
Este é particularmente o caso quando se trata de fertilizantes nitrogenados sintéticos, os quais são produzidos principalmente a partir de matérias-primas como amônia e ureia. Os preços dessas commodities subiram durante o ano de 2021 e no início deste ano, atingindo altas de vários anos em alguns casos.
Os preços de herbicidas e pesticidas também estão em rápida tendência de alta.
Fonte: Agriculture