European Airlines expande operações na China
A decisão de Pequim de reabrir as fronteiras da China a partir de 8 de janeiro, eliminando as rígidas regras de teste e quarentena da Covid e removendo a política sob a qual as companhias aéreas estrangeiras podiam voar apenas uma rota para o país e operar não mais do que um voo por semana, levou as transportadoras europeias a retomar serviço à República Popular.
No entanto, reconstruir as redes chinesas para níveis pré-pandêmicos traz novos desafios porque a Rússia fechou seu espaço aéreo para as operadoras da União Europeia (UE) e do Reino Unido. As companhias aéreas tradicionalmente usam o corredor siberiano para voos que ligam a Europa ao Extremo Oriente, incluindo a China.
“As transportadoras europeias foram duramente atingidas pela proibição de sobrevoo na Sibéria”, comentou Patrick Edmond, diretor-gerente da consultoria irlandesa Altair Advisory. “Finnair é o caso mais extremo, mas todos os outros foram afetados em maior ou menor grau. Todos eles enfrentam custos aumentados devido a rotas mais longas causadas pelo fechamento do espaço aéreo”.
O impacto das consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia varia de acordo com a rota. Um jogo rápido com o aplicativo Great Circle Mapper sugere que a Finnair deve voar cerca de 40% mais longe para Tóquio e cerca de 55% mais longe para Pequim, enquanto, de Londres, a British Airways pode “apenas” ter que voar cerca de 20 a 25% mais longe para Tóquio e Pequim, explicou Edmond.
O tempo de voo mais longo leva a um maior consumo de combustível e custos, mas o efeito vai muito além disso, observou Edmond. “Estes são grandes desvios”, disse ele à AIN . “Algumas aeronaves não são capazes de voar em rotas mais longas e os períodos de descanso da tripulação nos aeroportos asiáticos podem ser mais longos, levando a custos ainda maiores.”
A análise da Leeham News de um Airbus A350 da Finnair voando na rota Helsinki-Tóquio Narita no ano passado descobriu que a nova rota aumentou os custos operacionais de US$ 120.000 para US$ 171.000 antes de considerar os preços mais altos do combustível.
Os tempos de voo mais longos também podem representar um dilema para os planejadores de rede. “A incapacidade de trazer a aeronave de volta no tempo [para se conectar com a onda de voos de saída] significa que a conectividade do hub está confusa e a utilização da aeronave é menor”, disse Edmond. Isso se aplica especialmente a aeroportos centrais com um número relativamente pequeno de ondas, como Helsinque. No caso de um hub como Frankfurt, a Lufthansa opera mais bancos para poder lidar melhor com o impacto da conectividade, mas ainda sofre com a utilização de aeronaves e os efeitos da eficiência da tripulação. “[Além disso], manter essa conectividade de hub certamente cria uma enorme dor de cabeça ao voar para aeroportos com restrições de slots”, acrescentou.
As rotas mais longas geram mais emissões de carbono, que as companhias aéreas precisariam compensar sob o Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional (CORSIA), embora Edmond descreva esses custos como “triviais”. Por outro lado, ele alertou que o dióxido de carbono adicional pode ter um efeito “material” nos custos se a UE decidir incluir voos de longa distância em seu sistema de comércio de emissões (EU ETS) a partir de 2026. “Posso imaginar que, se este espaço aéreo o fechamento continua e se os voos de longa distância forem incluídos no EU ETS, as companhias aéreas europeias procurarão encontrar uma maneira de contornar isso com seus parceiros de joint venture asiáticos ”, disse ele. Por exemplo, A Air France KLM mantém uma joint venture com a China Eastern Airlines (que também é acionista do grupo franco-holandês) e a British Airways tem um acordo comercial conjunto com a China Southern Airlines. Os parceiros chineses poderiam assumir mais voos e os parceiros europeus hipoteticamente poderiam alugar algumas aeronaves de fuselagem larga para seus parceiros operarem, afirmou Edmond.
A Air France KLM se recusou a comentar se compartilha ou não igualmente os custos mais altos dos voos para a China com a China Eastern sob os termos de suas atuais joint ventures neutras em metais. “Não divulgamos os detalhes de nossas alianças”, disse à AIN.
TRANSPORTADORAS CHINESAS DESFRUTAM DE VANTAGENS COMERCIAIS
Enquanto isso, as transportadoras de carga chinesas continuaram voando pelo espaço aéreo da Rússia, aliada de seu país, para atender aos principais centros de carga na Europa, como Liege, na Bélgica, enquanto as companhias aéreas da UE e do Reino Unido tiveram que usar a rota Polar mais longa ou redirecionar para o sul da Europa, Turquia, e Cazaquistão, observou o ex-diretor geral do Eurocontrol, Eamonn Brennan, durante um evento do Eurocontrol em Bruxelas no final do ano passado. “No momento, está abaixo do radar. Mas quando você adicionar passageiros e a China abrir, esperamos que no primeiro trimestre do próximo ano, você verá o fluxo se tornar muito intenso”, disse ele. “As transportadoras chinesas têm uma enorme vantagem sobre as europeias.”
O diretor-geral da Associação de Transporte Aéreo (IATA), Willie Walsh, compartilha da opinião de Brennan. Falando a repórteres nos dias de mídia global do órgão comercial em dezembro, Walsh alertou que as transportadoras chinesas ganhariam uma vantagem competitiva sobre seus rivais europeus assim que Pequim relaxasse suas restrições à Covid porque ainda podem transitar pelo espaço aéreo russo.
“Estamos acompanhando esse tema. Como sempre, nosso objetivo é trabalhar em igualdade de condições”, comentou um porta-voz da Air France KLM. Shai Weiss, executivo-chefe da Virgin Atlantic, defendeu que os líderes do Reino Unido e da UE imponham um “campo de jogo nivelado” entre as companhias aéreas em relação aos sobrevoos russos, enquanto o fundador da companhia aérea, Richard Branson, disse que apoiava a proibição de companhias aéreas chinesas chegarem para o Reino Unido via espaço aéreo russo, informou o Telegraph. A Virgin Atlantic planeja se juntar à Air France KLM na aliança SkyTeam este ano; ambas as empresas têm a Delta Air Lines como acionista e participam de uma JV transatlântica.
Fonte: Ain Online