
Expectativas contrárias para o preço do aço no Brasil em março
- Anúncios de aumentos de preços para o vergalhão
- 57% dos respondentes preveem aumento dos estoques de aço na cadeia
O mercado brasileiro está incerto sobre a trajetória dos preços dos produtos acabados de aço para março, com o lado produtor apostando em aumentos de preços e o lado consumidor confiante sobre estabilidade – e até possíveis descontos – diante da inércia da demanda.
Na pesquisa com produtores, distribuidores, traders e usuários finais brasileiros, 55% dos entrevistados preveem que os preços do aço laminado devam permanecer inalterados no mês, em meio a um cenário desafiador de demanda. Por outro lado, 27% dos respondentes acredita na possibilidade de aumentos.
A leitura do índice de preços foi de 63,64 – uma queda de 1,67 pontos em relação a fevereiro, e o nível mais baixo do trimestre.
O índice varia de 0 a 100, com linha de corte em 50 pontos. Os dados acima desse valor indicam expectativa de aumento, e abaixo indicam expectativa de queda na comparação com o mês anterior. Uma leitura de 50 significa expectativa de estabilidade.
A Platts avaliou o preço semanal da bobina laminada a quente doméstica brasileira a R$4.650/tonelada (US$ 894,23/t) ex-works, sem impostos, em 3 de março, queda de 1.1% no comparativo semanal, quase anulando o modesto aumento absorvido em janeiro.
O preço do vergalhão doméstico brasileiro recuou quase 5% desde o início do ano a R$ 3.900/tonelada, ex-works, sem impostos, segundo a última avaliação Platts.
“Não há mais espaço para cair, não há mais margem,” disse uma fonte de siderúrgica.
Um produtor de aços longos confirmou que um anúncio de aumento de até 12% no vergalhão está programado para a segunda quinzena do mês.
“O aumento das matérias-primas deve ser repassado,” disse.
O preço do ferro-gusa de aciaria brasileiro, para exportação, subiu cerca de 10% no trimestre até o momento, impulsionado pela demanda internacional e oferta restrita.
“O preço da sucata se mantém, mas se mantém em níveis elevados, se analisarmos historicamente. O quadrante de custos está maior,” disse outro produtor, que citou o custo de energia como outro fator de atenção.
A expectativa em relação à firmeza dos preços das matérias-primas retrocedeu ligeiramente para março, com leitura de índice de 64 pontos, queda de 6 pontos em relação ao mês anterior.
Na pesquisa mensal, 57% dos respondentes preveem um aumento dos estoques de aço na cadeia, enquanto 36% acreditam em estabilidade nos níveis.
O índice de estoques chegou a 69,10, um salto de 18,57 pontos em relação a fevereiro.
“As projeções de vendas estão muito ruins,” disse um distribuidor.
Em relação à produção de aço, 45% dos participantes preveem estabilidade nos volumes produzidos, enquanto 27% espera uma ligeira diminuição na produção. A leitura do índice foi 60, aumento de 4,21 pontos em relação ao mês anterior.
“Algumas paradas programadas para manutenção foram alongadas ou postergadas para março, já que estamos lidando com uma sobreoferta,” disse um respondente.
Fonte: PLATTS