A Johnson & Johnson deixará de vender em todo o mundo, a partir do próximo ano, seu produto para bebês à base de talco, no que a empresa chamou de “decisão comercial” destinada a garantir o crescimento a longo prazo.

Johnson & Johnson vai parar de vender talco para bebês em todo o mundo
Acionistas ativistas já haviam pressionado a empresa a parar de vender os produtos em pó à base de talco internacionalmente
A Johnson & Johnson informou na quinta-feira que permanece “firmemente atrás” da visão de que seus produtos à base de talco são seguros, não causam câncer e não contêm amianto. A exposição ao amianto tem sido associada ao câncer de pulmão, mas há um debate se o material pode causar câncer de ovário. A Johnson & Johnson perdeu processos judiciais envolvendo alegações de que seus pós à base de talco causam câncer de ovário.
Ben Whiting, advogado do escritório de advocacia Keller Postman, com sede em Chicago, disse que teria havido um “impacto real e negativo no litígio” nos Estados Unidos se a Johnson & Johnson tivesse tomado a decisão de parar de vender internacionalmente produtos à base de talco nesse período.
O talco em pó é feito principalmente do talco mineral, que consiste principalmente de magnésio, silício e oxigênio. Em sua forma natural, alguns talcos contêm amianto, que a American Cancer Society afirma que pode causar câncer dentro e ao redor dos pulmões quando inalado. A indústria de bens pessoais dos EUA há muito tempo tem diretrizes que prescrevem que os produtos de beleza não devem conter quantidades detectáveis de amianto.
A Johnson & Johnson havia reclamado anteriormente de “desinformação” sobre a segurança do pó à base de talco e uma “enxurrada de publicidade de litígios”.
A empresa fará a transição para vender apenas talco para bebês à base de amido de milho. Em 2020 a Johnson & Johnson afirmou que a demanda por talco infantil é maior fora dos Estados Unidos e do Canadá. Cerca de 75% de seus clientes de talco para bebês nos EUA compram a versão de amido de milho, enquanto apenas 25% compram talco, de acordo com a Bloomberg News. Essas porcentagens são revertidas fora dos Estados Unidos.
Desde 2014 a Johnson & Johnson enfrenta processos nos Estados Unidos de consumidores que alegaram ter contraído câncer depois de usar os produtos à base de talco da empresa por períodos prolongados. Os processos acusavam a empresa de esconder e minimizar os riscos de câncer e pediam indenização.