Indústria russa de petróleo e gás adere a Putin
A indústria de petróleo e gás da Rússia tornou-se refém da estratégia política e militar do presidente Vladimir Putin, o qual parece relutante em encerrar suas operações militares contra a Ucrânia ou resolver o conflito por meios diplomáticos.
O Kremlin esperava que a invasão durasse dias, resultando na instalação de um governo pró-Moscou em Kiev.
No entanto, a guerra entrou agora em seu terceiro mês, em meio a expectativas na Ucrânia de que a fase ativa do conflito continue até o final deste ano.
Enquanto isso, os EUA, a Europa e outros países impõem novas ondas de sanções à Rússia e se preparam para conter suas compras de petróleo e gás natural do país.
Os líderes da indústria petrolífera russa tendem a assumir uma posição otimista sobre a demanda por combustíveis fósseis no Ocidente.
A mídia de Moscou aplaudiu a decisão da Alemanha de reativar as usinas de carvão para garantir a segurança do fornecimento de eletricidade, diante das ameaças russas de interromper as exportações de gás.
Houve uma pitada de “schadenfreude” quando os russos observaram o aparente retrocesso da Alemanha em relação ao Acordo Verde Europeu.
O Kremlin está buscando alavancagem e se os europeus duvidaram da disposição da Rússia de usar o gás de gasoduto como um grande bastão, essas dúvidas parecem ter sido dissipadas.
No início desta semana, a Gazprom anunciou que está interrompendo as entregas de gás para a Polônia e a Bulgária, pois esses países se recusaram a alterar seus contratos de longo prazo e pagar pelo gás russo em rublos, em vez de euros ou dólares americanos.
Enquanto a Polônia se prepara para este momento, o cenário político na Bulgária pode ser abalado pela paralisação, já que o país obtém cerca de 80% de seu gás da Rússia.
A Gazprom deixou de submeter a Alemanha e a Áustria ao mesmo tratamento, enquanto a Eslováquia e a República Checa continuam a receber gás russo por meio da Ucrânia.
Esses suprimentos, no entanto, estão funcionando com apenas metade do volume de produção diário mínimo contratado.
Essa taxa de entrega é provavelmente insuficiente para reabastecer totalmente as instalações de armazenamento na Europa, com o Kremlin evidentemente esperando desfrutar de uma alavancagem mais forte, próximo da temporada de inverno.
A indústria petrolífera russa pode ter que fechar cerca de um terço de sua capacidade de produção, se o embargo ocidental for totalmente imposto.
Até agora, os líderes da indústria petrolífera russa não parecem tão preocupados com esse cenário quanto as nações ocidentais esperavam.
Em discurso na capital regional de Kazan, o diretor executivo da Tatneft, Nail Maganov, assegurou ao público que o mercado interno russo oferece amplas oportunidades para os produtores do país.
“Acho que conseguiremos superar o efeito negativo de tal embargo, pelo menos parcialmente”, declarou Maganov.
Fonte: Up stream